3.25.2008

Não preciso ser mais se souberes que somos iguais mas, nao queira medir forças comigo que hei de quebrar suas pernas, e o quanto mais alto tiveres que subir, acompanhando-me, maior será sua queda!
Fica a dica.

3.24.2008

Dia da Caça

Encontrava-se microscópica aos seus próprios olhos.
Naquela noite de vermes mortos no corredor escuro, tudo ficara grande de ínfimos detalhes. Cheiro de voz muda - ela sentia.
Maria não tomava cuidado com seus próprios desejos, muito menos os media na hora de deseja-los. Como pudera ser ladina em sua intensidade, ela não entendia.
Quando o impulso é deveras vivo - necessário saber, também sobre a morte.
Advenças da vida levaram-na à ver de longe, ser de longe. à viver em cima mas à descer breve (a fome da vida; não era leve).
Maria tinha espírito de águia, olhos profundos de horizonte quando era do universo; atentos de sal quando era da terra.
Palavra, asfixiou-se em sua própria diligência. Soprava suas forças para encher os outros, queria agradar, mas sutilmente esvaziava-se de si mesma. Há alguns meses vem sentindo-se mal, dor de cabeça e enjôo - indisposição essa que a acompanha sempre em dias internos - deu-se conta que havia um buraco em seu corpo, o vazio no coração; era a ânsia de sentir-se. Não obstante, sentia uma imediata e estranha compaixão - prefirível dizer compaixão à pena, a primeira que chega de frente a outra, de baixo, mas frequentemente elas se cruzam no caminho - pelos homens e mulheres simples que conhecia. Isso tornava-a tão presente - a compaixão, não a pena, que por sua vez tornava-a impotente e alerta da injustiça no mundo, doia-lhe a alma. Esses momentos eram tão mais humanos quanto a maioria do resto de seu dia. Eram irmãos, todos, ela precisava cuidar deles. Era preciso adverti-los, era impreecindível diverti-los, e extremamente abençoado era senti-los e compreende-los. No íntimo ela queria, juntamente, ser compreendida sem ter de explicar-se. as palavras lhe eram tão trancadas, mas pareciam saltar pelos olhos. Por isso a simplicidade lhe era amiga, traduzia seus olhos como um dialeto conhecido. Se de tanto que se dava, era de se esperar de volta, esperava.

3.20.2008

música mais linda

Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...

E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...

Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...

E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...

Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...

Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...

Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...


* do Chico, claro.

3.14.2008

Além Homem

": carrancudo, sombrio, soberbo e altivo; ultimamente (ou talvez bem antes) anda cismado e hipocondríaco. É magnânimo e bom. Não gosta de externar seus sentimentos e antes prefere uma crueldade a fazer falar o coração. Às vezes, porém, não tem nada de hipocondríaco, mas é simplismente frio e insensível até a desumanidade, palavra, como se nele se alternassem dois caracteres opostos. Às vezes é terrivelmente taciturno! Nunca tem tempo para nada, tudo o atrapalha, mas vive deitado sem fazer nada. Não faz galhofa, e não porque lhe falte graça, mas é como se não lhe restasse tempo para semelhantes futilidades. Não houve até o fim o que os outros falam. Nunca se interessa pelo que todos os outros estão interessados em dado momento. Tem um conceito terrivelmente alto de si mesmo e, parece, não deixa de ter certo direito quanto a isso."

3.12.2008

heartless



lábios comprimidos, olhar inflamado

3.04.2008

Sophie Podolsky

"... os cabelos do sol também são as minhas mãos"... Talvez tivesse sido isso aquilo que ele construiu na sua vida.
"Pertenceu a este mundo e esta linguagem de poetas de um crepúsculo tão dourado por formas tão difíceis de habitar por dentro".