2.25.2010

II

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Caminhava rumo ao alvo à saltos mirados, a coreografia das mãos falantes, sólidas curvas de dedos famintos, dançava ao som das flautas de ouro.
O número próprio, a poça na rua, a pele do bicho, a surpresa sagrada, os encantos da sorte, a palavra de risco -
pelo jeito discreto de sorrir uma ponta dos lábios firmes em concenso, deslizando discreta felicidade.
Os olhos se estendiam e flutuavam no branco saltando realidade, me entendiam ao fundo: viemos de muito perto há um tempo esquecido atrás.
Um conforto ingênuo de coração indefeso, a vulnerabilidade, a proximidade cálida das peles, acanhado suspiro, o cheiro, a paixão.
E quanto a mais conheco mais abandono a razão e o espaço, com inevitável avidez, te redescobir para esquecer denovo.
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2.24.2010

De-me certeza,
e não reclamarei mais da vida sofrida, nao me importa mais os egoistas e os coitados. Eu tenho a certeza do meu amor, que é infinito, e não dependo da sua resposta para prova-lo, ele me volta de todos os outros lados.
Deus me proteja da minha obsessão compulsiva que cega a razao, dos meus vícios, pensamentos ruins e do coracao que duvida. Eu posso gritar tao alto e quebrar os vidros da janela, de desespero apaixonado e quase falta de esperança; aguardo a sua chegada. Deus me proteja dos aproveitadores, de quem só suga minha energia, da falta de respeito e carinho. Me de paciencia para esperas intermináveis que me devoram e a liberdade para o ciumes inseguro. Deus ilumine a face dos meus inimigos, deixe-me esquecer de mim para viver nos outros. Me de forcas para ver o bem em quem me fez mal, ilumine minhas escolhas e me faca saber que eu só me basto. A dependência afetiva é escravidao, encoraje minha igenuidade e liberte minhas correntes do chao. Caia sobre mim como chuva inesperada e lave minhas dúvidas, para assim compartilhar a alegria com meus irmaos. Deixe me ser a causa, cheguei no estado ultimo e humilhado da condição humana. Não sou nada sem você, preciso da sua ajuda.

2.15.2010

Olhos Bastos

Sob o vício azul de ondas escuras, lã macia e tóxica, avanço em alto mar.
Atravesso recifes de mel e cristais polidamente corretos de si.
A pérola encrustada no fundo da caverna brilha à luz rara do calor e curva-se frágil ao sol;
Me engole como planta carnívora.
Sob o invólucro semi esférico roxo de pálpebras gulosas;
Seus olhos seguram o mundo.