9.17.2009

"A verdade exige, constrange e dá razão de si mesma; ela tem a força de um pressuposto. E como pressuposto encerra uma exigência feita ao ente para que se revele. O desvelamento, que extrai o ente com a violência de um "roubo", ocorre porém em função do aberto, ponto de emergência da verdade originária, à custa da decisão, o ato de escolha abrindo o Daisen no seu poder-ser mais próprio"


- acho que não entendi...
me ajuda?!



Como um pressuposto, aquilo que se supõe antecipadamente, a verdade é a semente de um projeto que já possui o plano de realização . Por possuir essa força que liga uma possibilidade futura a sua potencialidade embrionária, assim como a predisposição genética, a verdade se exige, como causa final; constrange, ao revelar o motivo alegado para encobrir a causa real de uma ação; e da razão de si mesma ao se manifestar a partir de suas raízes, como uma semente de maçã onde já estao contidas todas a informações do fruto e seu único destino já está contido na própria.

A verdade se mostra, então, como única possibilidade final. Por isso se revela como uma exigência para o ente. Ao ser desvelada, desencobre a causa real do ente como um roubo, inesperado, involutário.

A decisão de agir como seu potencial (sua verdade) só se pode dar em função do aberto, o ato de escolha ABRE o ente para sua meta originária. O Daisen seria então sua mentira (negatividade) descoberta para a revelação da sua verdade própria, seu poser-ser mais próprio.

Sem a medida proativa de escolha, o ente é apenas exigido e constrangido. O ato de escolha dá razão de si mesmo, ponto de emergência da verdade originária.



pffffff e ai? consegui me explicar?

9.02.2009

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"Aliás, não fora só o agrupamento das companheiras em volta dela que me impedira de vê-la bem, mas também a incerteza dos sentimentos que eu podia, à primeira vista e depois, inspirar-lhe, fossem de soberba intratável, ou de ironia, ou de um desdém externado mais tarde às amigas. Essas suposições alternativas que eu fizera num segundo, a seu respeito, adensaram em torno dela a atmosfera turva em que ela se escondia, como uma deusa dentro da nuvem que o raio faz tremer. Pois a incerteza moral é a causa maior de dificuldade para uma exata percepção visual do que o seria um defeito material do olho. Naquela pequena demasiado magra e que atraía também demasiadamente a atenção, o excesso do que outro qualquer chamaria talvez encantos era justamente o que me desgradava, mas tivera, assim mesmo, como resultado impedir-me de nada perceber e, com mais forte razão, de nada me lembrar das outras caixeirinhas, que o nariz arqueado desta, e o seu olhar — coisa tão pouco agradável —, pensativo, pessoal, dando a impressão de julgar, haviam mergulhado na noite à maneira de um relâmpago louro que entenebrece a paisagem circunstante. E assim, da minha ida, para encomendar um leite, ao leiteiro, só me lembrava (se se pode dizer lembrar de propósito de um rosto visto tão de relance que dez vezes adaptamos ao nada do rosto um nariz diferente), só me lembrava a pequena que me desagradara.
Bastou isso para fazer começar um amor.
No entanto eu teria esquecido a extravagância loura e jamais haveria desejado revê-la se a outra não me tivesse dito que, embora criança, aquela pequena era sabidíssima e ia abandonar a patroa porque, muito faceira, fizera dívidas no bairro. Já houve quem dissesse que a beleza é uma promessa de felicidade. Inversamente a possibilidade de prazer pode ser um começo de beleza."